segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Michelangelo: Do Renascimento à Revolução

Os gênios do renascimento estavam conscientes da revolução que estavam provocando com suas artes na Europa e no mundo ao fim da Idade Média e advento dos Tempos Modernos. Estavam atentos às transformações científicas que ocorriam e em como elas mudavam o dia-a-dia das pessoas. As novas concepções do mundo e do universo contrapunham os avanços científicos às crenças de parte da Igreja, agarrada ainda ao mundo medieval. Ela tinha dificuldades tanto em aceitar as coisas novas como em abandonar as antigas.
O planeta deixava de ser plano, como se entendia, e passava a ser redondo, o que abria imensas extensões a serem conquistadas – até mesmo uma viagem de circunavegação poderia ser feita. Até então, pouca gente acreditava que se poderia chegar ao nascente navegando em direção ao poente.
A sociedade do Renascimento estava mergulhada num turbilhão de novas concepções, motivadas em parte pela substituição do conhecimento dogmático pelo científico. Os estudiosos queriam medir, comparar, dissecar, desenhar, cheirar, elaborar novas teorias e avançar pelas fronteiras do conhecimento onde seus antepassados não ousaram.
A burguesia sustentava a maioria dos artistas do Renascimento Italiano. Os gênios eram contratados para trabalhos de arte, e muitos se apoiavam nos mecenas. O ato de investir na arte estava longe de ser uma ação de benemerência ou de puro amor à arte que produziam. Era um investimento. Uma confluência de interesses econômicos com o prazer de viver próximo a obras tão extraordinárias.
Michelangelo viveu em uma época mágica onde grandes transformações mudaram a face, primeiro da sociedade européia, depois do mundo, em um período de aceleração histórico.
Surgia o gênio que por traz da grande máscara negra embutida pelo cristianismo, a fim de impor uma barreira entre conhecimento e ciência, veio a conceber para toda a humanidade sua crítica, hoje em dia exposta, de uma época que o corpo humano era tratado de uma forma tão sagrada que era inviolável.
Convocado para emplacar nas paredes da Capela Sistina a imagem que a Igreja Católica queria implantar na humanidade, o gênio nos concebeu um dos enigmas mais conhecidos no mundo, transformando a anatomia humana em obras de artes. Uma forma clara de crítica a um sistema que impôs proibição à dissecação de corpos humanos para estudos para a ciência e avanço da mesma.
O enigma é um dos elementos transcendentais responsáveis pela perenidade da obra e pelo desprezo que ela tem com o tempo. O enigma não se resolve nunca porque muda de acordo com a visão dos homens e em cada época é interpretado de uma maneira e,quanto mais passa o tempo, mais polêmico se produz, por isso ele não se resolve nunca.

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